sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

IX - O CIRCO GUERNICA E O DESTINO DE CONSTANTINO E A VAGINA

DIAS DEPOIS, O CASAL FOI APRESENTADO á figura excentrica de seu Boaventura, o dono do circo. Um sujeito gordo, bonachão, na casa de seus sessenta e poucos anos; calvo e com bigodes de causar inveja a Salvador Dali. Ele ouviu emocionado o relato da Vagina e perguntou:
"E o que fazia no circo, minha pequena?"
"Engolia espadas, seu Boaventura."
"Engolidora de espadas...interessante."
"E das melhores, lhe asseguro. Trabalhamos juntos." Reforçou o mágico Castilho que estava presente na ocasião.
"Ainda podes fazer isso?" - Perguntou o dono do circo alisando os bigodes de Dali.
"Mas é claro! É o que mais gosto de fazer, além de contar piadas."
Sem mais perguntas, seu Boaventura ofereceu-lhes de pronto o emprego. Fez questão de mostrar-lhes pessoalmente o lugar onde o casal passaria a morar. Mais tarde, como era um costume seu, apresentou seus avós aos novos funcionários. Os avós, cujos corpos, seu Boaventura os mantinha mumificados em um trailer particular.
"Eram meus avós. Tenho muito orgulho deles." Explicou. Cíntia torceu os lábios achando aquilo muito nojento.
"Seu Boaventura é neto de espanhóis. Os avós dele lutaram na Guerra Civil Espanhola contra o general Franco." - Frisou Castilho.
"É verdade, senhores. Meu avô morreu lutando ao lado da milícia contra Franco, e minha vó, durante o bombardeio á Guernica.
"Daí a razào do circo chamar-se Guernica." Complementou envaidecido, o mágico.
Seu Boaventura mostrou ainda velhas fotografias de sua infancia e falou muito do passado e do presente. Depois, deixou-os descansar, pois que no dia seguinte, haveria espetáculo.


"Guernica" (Pablo Picasso)

Nenhum comentário:

Postar um comentário